Thursday, February 28, 2013

Acordai!

No fim de semana passado, a R. participou num festival de coros e o coro do Conservatório de Évora cantou esta magnífica música. Antes deste uso e abuso do Grândola dos últimos dias, o Acordai foi um dos motes de protesto contra o atual governo, mas parece que não teve força suficiente para se impor. Compreendo que os tempos verbais não são os mais fáceis e que "o povo é quem mais ordena" inflama mais os espíritos do que "Acendei, de almas e de sóis, este mar sem cais, nem luz de faróis", mas confesso que me assaltam muitas dúvidas nos dias que correm, nos slogans que correm e, em especial na forma como os ânimos se inflamam.

Não me compreendam mal, se dependesse de mim estes governantes não estavam lá, foi mesmo por isso que não votei neles. Partilho a raiva e a impotência que todos sentimos e tenho, em especial, um desprezo monunental por Miguel Relvas. Mas foi o povo que os lá pôs, certo? Podemos argumentar que não foi para isto que os elegeram (não sei de que estavam à espera, mas enfim...), mas foram mesmo eleitos, disso não temos dúvida. Eleitos, pacificamente e com uma abstenção vergonhosa.

Por isso me indignam os apelos à violência que circulam pela net. Por isso gosto muito mais do Acordai. Porque a luz ao fundo do túnel diminui e afasta-se e precisamos mesmo dos tais heróis de que o poema fala. E esses serão aqueles que consigam - em democracia - inventar um futuro melhor do que este. E não aqueles aspirantes a heróis para quem uma bastonada é uma medalha, desonrando o muito que apanharam e sofreram aqueles que lutaram para que esta democracia vingasse. 

Aproveito para lembrar que as autárquicas estão à porta e que este é o momento certo para que grupos de cidadãos se apresentem como alernativa.

 

 

Saturday, February 16, 2013

Maravilhosa revista, maravilhoso projeto

E tem um nome lindo: PAPEL

A propósito de faturas


Hoje fomos a uma loja aqui do bairro que vende jogos e brinquedos didáticos a preços amigáveis, e da qual eu tinha um vale de desconto, para comprar uma prendinha para uma festa a que os miúdos vão amanhã.

Depois de vermos os habituais jogos de cartas e kits de trabalhinhos, acabámos por escolher um estojo para lápis de cor feito de pano, daqueles à antiga, com muitas divisórias.

Quando vou pagar, a senhora pede desculpa e diz-me que tenho de pagar em dinheiro. "O valor é baixo", pensei eu. Mas não. O que ela me disse foi "É que sou eu que os faço e a dona da loja deixa-me vendê-los, mas não os posso registar na máquina".

E foi assim que deixei o talão de desconto para a próxima prenda e mergulhei alegremente na economia paralela. Ainda pensei fazer algum reparo, mas abstive-me. Porque me ocorreu uma frase lapidar: por estar e por outras é que Portugal nunca si da água, mas também nunca se afunda. Há sempre um recurso qualquer de imaginação e sobrevivência à espreita. O problema é que às vezes não são estojos mas contas na Suíça...