Wednesday, March 21, 2012

Sou portuguesa, aqui

Sou portuguesa aqui, como tão bem disse o José Fanha.

Sou portuguesa de esquerda, sempre fui. Dou um imenso valor a ter crescido neste país e neste tempo, a ser mulher e poder escolher a minha profissão, andar na universidade, sair do país se quiser (sem autorização escrita do marido) e educar os meus filhos para dizerem sempre o que pensam.

Lembro muitas vezes o meu avô Z., que - com políticas ou sem elas - dizia sempre o que pensava. E o meu avô Q., que até aos 94 anos, viveu a vida segundo princípios de compreensão, calma e tolerância. Ambos nasceram e cresceram num Portugal que, felizmente, já não existe. E, também eles, foram portugueses aqui.

Sou portuguesa aqui, num aqui que - há que ser justa - me tem sempre sorrido. Em parte por sorte, em parte porque para isso me esforço muito, em parte porque lhe sorrio sempre de volta.

Como todos os portugueses de aqui, tenho hoje motivos de revolta, de preocupação, de gestão do dinheiro para sobreviver. Como (quase) todos quero uma justiça melhor, mais igualdade de oportunidades, menos tachos e menos escândalos políticos e financeiros. E não quero o FMI, os rankings e outros países a mandar na minha vida.

Mas não acredito que fazer greve amanhã ajude a resolver qualquer um destes problemas. Para mim, uma greve faz-se para negociar algo concreto e não para mostrar insatisfação. Mas isto é para mim. Respeito todos aqueles que não pensam como eu e que acham que esta ainda pode ser uma forma de luta.

Agora o que já me parece inadmissível é que haja cartazes espalhados pela cidade a incitar veladamente à violência, ao piquete para impedir quem decide livremente trabalhar de o fazer. Ainda por cima, cartazes supostamente "de esquerda". Onde está esta esquerda nos dias de eleições?

O meu Portugal e a minha liberdade não são estas. Desejo por isso um óptimo dia de greve a quem decidir fazê-la e um óptimo dia de trabalho a quem decidir não se calar trabalhando.

Monday, March 19, 2012

Dia do pai

Pai só há um. E o meu (nosso) é único e especial.
E tem-nos ensinado muitas coisas, desde sempre.
Tantas que não cabem num post de blogue.
Mas a música em baixo relembra-nos de três das mais importantes:

Que cada qual é que escolhe o seu caminho.
Que é melhor termos um nosso do que andar à deriva da maré.
E que, se perdermos a direcção, podemos sempre contar contigo e
com tudo aquilo que nos ensinas.

Obrigada, pai.


Senta-te aí (para ouvir aqui)

Está na hora de ouvires o teu pai
Puxa para ti essa cadeira
Cada qual é que escolhe aonde vai
Hora-a-hora e durante a vida inteira
Podes ter uma luta que é só tua
Ou então ir e vir com as marés
Se perderes a direcção da Lua
Olha a sombra que tens colada aos pés
Estou cansado.
Aceita o testemunho
Não tenho o teu caminho pra escrever
Tens de ser tu, com o teu próprio punho
Era isto o que te queria dizer
Sou uma metade do que era
Com mais outro tanto de cidade
Vou-me embora que o coração não espera
À procura da mais velha metade

Rio Grande (letra de João Monge)

Thursday, March 8, 2012

Alegrias :-)

Ontem, estava prestes a começar uma reunião de trabalho, esperava enquanto a pessoa que eu ia reunir terminasse um telefonema, quando toca o meu telemóvel. Era a R. E o que me queria? Dizer que a sua filha, de 9 anos, me tinha escolhido para madrinha. Na realidade, ela tinha pensado noutra pessoa, uma amiga de longa data que seria a madrinha das duas filhas. Mas eis que ela pergunta se não posso ser eu.

E foi assim que ganhei uma afilhada e comecei o dia com uma alegria interior que só visto :-).