Monday, January 26, 2009

Ele há coisas...

Hoje, na escola da R. levantou-se um enorme mistério, tão grande que ela e as colegas tiveram de chamar a educadora para o resolver: como é que a fada dos dentinhos descobriu que tinha caído um dente à R. e lhe pôs o livro da Bruxa Esbrenhuxa debaixo da almofada se ela engoliu o dente e não tinha nada para lá pôr?

O que vale é que a São tem muuuitos anos de experiência e arranjou logo ali uma solução mágica, que até metia radiografias e tudo! Viva a fada dos dentinhos (e a São)!

Trabalhinhos III


Aqui fica a prenda que fiz para a minha mana, no Natal.

Wednesday, January 21, 2009

Portugal continua nos melhores do mundo


No que diz respeito à taxa de mortalidade infantil, Portugal está hoje entre os melhores países do mundo, com 4 mortes por mil nascimentos, que é o segundo melhor número, a seguir a um grupo de seis países que têm 3 em mil. Se pensarmos que, em 1960, esse número era de 77,5 mortes em mil, acho que temos muito de que nos orgulhar. Agora, tal como diz neste artigo, há ainda que humanizar um pouco mais os hospitais. Não podia concordar mais com o que é dito quanto aos partos em casa, não acho que seja por aí o caminho. Como ja ouvi dizer, há países "civilizados", como o Reino Unido, que os incentivam, porque o Estado poupa com isso (e que têm mortalidades infantis superiores à nossa). Eu prefiro que, pelo menos nisto, não se poupe.

O relatório da UNICEF de 2009 está aqui. Claro que é impossível lê-lo sem ver os números terríveis dos países africanos ou de sítios como o Afeganistão. Eu acho especialmente triste ver os dados dos países de expressão portuguesa, porque mostram muito bem que a herança que deixámos não foi das melhores e que, enquanto nós por aqui melhoramos a olhos vistos, eles nem por isso. Dirão que a responsabilidade já não é nossa. Não? Não sei...

De qualquer forma, os números da UNICEF, a nível mundial, são encorajadores. Ainda bem, mas há tanto por fazer ainda...

Wednesday, January 14, 2009

A última flor, de James Thurber

Ao ouvir a notícias de Gaza, nas últimas semanas, mais uma vez lembrei-me deste livro, que os meus pais tinham (e que eu surripiei quando vim para minha casa - juntamente com a Obra Poética do David Mourão Ferreira, e o Pavarotti a cantar o Ave Maria de Schubert; há coisas que devem andar sempre connosco). Finalmente, alguém o pôs no youtube. Está aqui.

Wednesday, January 7, 2009

Se todos desejarmos um bocadinho, quem sabe...

Umas das poucas pessoas que conheço pessoalmente do Bookcrossing é a Tânia, a Snowshoee. A Tânia sofre de uma insuficiência cardíaca, que se tem vindo a agravar, e está neste momento à espera de um transplante de coração, com muita, muita urgência.

Porque tem 26 anos, porque a vida nem sempre é justa, porque tem sido muito corajosa, porque é uma situação que nenhum de nós pode imaginar, a onda de solidariedade que se gerou, quer em Portugal, quer nos bookcrossers do mundo inteiro é enorme.

Há, neste momento, velas reais e virtuais, preces e desejos em todo o mundo, como podemos ver neste blogue. A sensação de impotência perante tamanha tragédia pessoal é enorme, neste mundo onde parece que tudo pode ter solução, desde que haja vontade. Mas, neste caso, parece realmente não haver nada a fazer, a não ser esperar um milagre. Assim fazemos.

Sunday, January 4, 2009

Planisfério pessoal, de Gonçalo Cadilhe

Tal como os livros anteriores do Gonçalo Cadilhe que tinha lido (A lua pode esperar e, sobretudo, África acima) este livro causou-me uma impressão muito forte e vários tipos de sentimentos.

Tal como os anteriores, li-o de uma assentada, perdendo horas de sono, o que quer dizer que dei a volta ao mundo numa noite (o que talvez não agradasse muito ao autor, assim como facto de o ter lido através do bookcrossing, que ele - que não consegue cortar o cordão umbilical com os seus livros - considera "uma promiscuidade irresponsável").

Comecei a gostar do livro ainda antes de o ler, porque acho o título muito bonito. A palavra pessoal (como no programa da TSF Pessoal e Transmissível e não como em "Vou beber um copo ao Bairro Alto, com o pessoal") lembra-me que todos somos únicos, mas não necessariamente individualistas. Depois, entrei na vertigem de uma volta ao mundo que o autor traçou pelos caminhos menos convencionais, atravessando alguns dos países mais pobres e mais miseráveis do mundo (porque ser pobre e ser miserável não é bem a mesma coisa, e o fundo da escada é quando as duas coisas se fundem) não procurando necessariamente os pontos turísticos, mas sem fugir deliberadamente deles.

E aqui dividem-se a minhas emoções. Se a aventura me seduz (consigo mesmo, por vezes, encontrar alguns paralelismos com o meu próprio planisfério pessoal, que, não tendo qualquer comparação com o do Gonçalo Cadilhe, tem alguns momentos interessantes, como uma viagem nocturna de comboio entre Moscovo e São Petesburgo), deprime-me sempre imaginar aldeias em que as crianças fabricam armas e cultivam ópio depois da escola.

Roubar dignidade à infância e à velhice são infâmias que não devíamos permitir (penso nisto enquanto a R. se pendura no meu pescoço durante um momento mais assustador d'"A Bela e o Mostro", que longe que está o mundo daqui de casa).

Mas por isso, também, gosto dos livros de Gonçalo Cadilhe e gostava que ele escrevesse mesmo livros, e não apenas publicações das crónicas semanais, que deixam tanto por dizer; gosto porque ele vai ao encontro de pessoas que semeiam projectos de esperança, como a escola informal na Nicarágua ou o hotel que alimenta crianças, no Peru.

E tudo isto está tão longe e , ao mesmo tempo, tão perto das multidões de turistas que coleccionam carimbos de passaporte, experiências pré-fabricada, a ver por ver, sem ver.


Recordei-me do choque que senti ao chegar ao Mont Saint-Michel ou ao Sacré Coeur, onde hordas de turistas de acotovelavam e do prazer que era estar na Fraguinha, ou na pousada de juventude no ponto onde a Noruega, a Finlândia e a Suécia se encontram e, realmente, a escolha é fácil (embora todas sejam experiências ricas).

E, já agora, Gonçalo Cadilhe, eu acho que o tal trekking, ou wanderung, se pode muito bem dizer em português "caminhar", que é um verbo que por cá anda há bastante tempo. A forma de o fazer é diferente, realmente, porque - entre nós - só há pouco tempo caminhar é associado ao lazer e à saúde. Até há uns anos atrás, a maior parte dos portugueses não fazia outra coisa: caminhava para o trabalho (a muitos quilómetros, por vezes), para a escola, para casa. E caminhar era sinónimo de pobreza, de não ter outro meio de transporte, que poucos tinham (e esses não caminhavam, passeavam, no jardim, ao Domingo). Agora, que - para o bem e para o mal - o transporte individual se democratizou, já podemos voltar a caminhar tranquilos.

Ena, onde eu cheguei neste planisfério...