Thursday, January 17, 2008

Quando apanho o metro para ir para a escola vejo muitas vezes, na última paragem, um rapaz alto que recolhe bilhetes que as pessoas deixam junto às portas. É um dos "malucos de serviço" da linha e, não sei bem porquê, sempre me impressionou a sua figura e a obsessão dos seus gestos. Hoje de manhã entrou e sentou-se ao meu lado, passando à frente de uma mãe com dois filhos pequenos.

Em frente. estava sentada uma senhora, que fazia uma mantinha de lã em crochet e que o cumprimentou. E, de repente, este rapaz passou a ter um nome - é o Frederico - uma voz, uma família e uma doença palpável. Percebi que vai diariamente para uma instituição, onde passará os dias numa terapia ocupacional.

Mais do que o seu comportamento (nervoso, repetitivo nos gestos e nas palavras - sabia de cor os dias que iam ser fim-de-semana daqui a meses, repetia frases das pessoas da instituição) aquilo que realmente me impressionou foi ter-me apercebido de que não sabia sorrir. Não imagino o que será ter filhos que não sabem sorrir e, a partir de hoje, tenciono não me esquecer de dar graças por cada sorriso com que os meus filhos me premeiam.

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