Monday, February 26, 2007

O feitiço do tempo

Estou a reler um livro que li há 20 anos atrás, chamado Momo, do mesmo autor de História Interminável, Michael Ende. Curiosamente, praticamente não me lembro do livro, cuja história gira em torno da forma como gerimos o nosso tempo nos dias de hoje, se a nossa prioridade é correr atrás do tempo ou gozá-lo com as pessoas de quem gostamos. O livro tem uma visão muito pessimista do mundo moderno, porque me parece que, apesar de tudo, hoje nos esforçamos bastante (uns mais do que outros, é certo) para estar com a nossa família e os nossos filhos. É ter uma imagem muito poética da sociedade tradicional pensar que antigamente as crianças eram mais felizes e passavam muito tempo com as suas famílias, em longas conversas e brincadeiras. A verdade é que sempre houve crianças (e adultos) felizes e infelizes e que, culturalmente, aumentou muito o respeito e os cuidados que se têm com as crianças. Também é verdade que às vezes nos deixamos enrolar no ritmo da metrópole e que, se calhar, há pequenas coisas que podíamos fazer todos os dias para gastar melhor o nosso tempo. E não posso deixar de pensar nos binóculos feitos de rolos de papel higiénico que, finalmente, consegui fazer com a R. na sexta-feira passada, com os quais ela brincou imenso aos exploradores. Bendita meia-hora, valeu mais do que muitos dias chatos.

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